Após passar a noite viajando de trem desde Delhi, chegamos na manhã de 22/12/2010 em Haridwar. O dia estava começando a querer raiar e fazia frio. Saímos da estação de trem e caminhamos até o terminal de ônibus, junto com um casal (um suíço e uma chinesa) que haviam viajado no mesmo trem que nós. Levamos um tempão para descobrir onde exatamente saía o ônibus para Rishikesh. Depois de uma hora de espera e informações desencontradas, conseguimos finalmente pegar o ônibus. Já tinha amanhecido. Após cerca de uma hora de viagem chegamos no terminal de ônibus que está no centro de Rishikesh. De lá pegamos um rickshaw até o High Bank, bairro onde havíamos ficado na primeira vez que estivemos em Rishikesh. Nos hospedamos na mesma pousada e descansamos um pouco da longa viagem. Na outra vez que estivemos lá era alta temporada e a região do High Bank era um lugar agradável para fugir do tumulto. Agora, porém, os poucos restaurantes que tem por lá estavam fechados e só abririam dali uns dois meses, quando iniciasse novamente a alta temporada. Como não estávamos dispostos a ter que ficar caminhando todas as noites (o High Bank fica um pouco afastado) até a área da Lakshman Jhula, onde está a maior parte dos restaurantes, decidimos mudar de hotel. Assim, nos mudamos no dia seguinte.
Nosso grande objetivo em Rishikesh era rever o Prem Baba, um guru brasileiro que conhecemos um ano antes, em nossa primeira passagem por lá. Nestes primeiros dias ele ainda não havia chegado, mas estaria chegando logo, perto do Natal. Após sua chegada, um pouco antes da virada do ano iniciaram os satsangas diários, uma espécie de palestra, onde o Prem Baba fala sobre temas diversos relacionados ao auto-conhecimento e espiritualidade. É muito interessante. E também é muito boa a experiência de estar lá, longe do “mundo cotidiano” e da correria do dia-a-dia, e poder colocar nosso foco exclusivamente nestes temas: Ter todo o tempo do mundo para nos dedicar a olhar para dentro de nós mesmos.
Nossa rotina em Rishikesh resumia-se em participar dos satsangas do Prem Baba todas as manhãs e ter o resto do dia livre para passear, descansar, praticar yoga, refletir, etc. Outro momento especial do dia eram também as refeições, almoço e jantar, quando aproveitávamos para conhecer e provar os vários restaurantes da cidade e saborear a comida indiana, que tanto nos encanta.
Assim os dias em Rishikesh foram passando. E voando. Quase como uma viagem fora do tempo, em um universo à parte.
Tínhamos agendado um vipassana (uma meditação budista de 10 dias) para a segunda quinzena de janeiro em Jaipur, no Rajastão. No entanto, os dias em Rishikesh estavam sendo tão proveitosos que, depois de muito pensarmos a respeito, acabamos cancelando nossa participação no vipassana para poder ficar mais tempo em Rishikesh. Foi uma escolha difícil, mas pensamos que teríamos outras oportunidades para fazer o vipassana, afinal há práticas de vipassana em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil.
E desta maneira nos estendemos em Rishikesh um pouco mais. Até que chegou a hora de partir: No dia 22/01/2011, depois de um mês parados (praticamente “morando” em Rishikesh), arrumamos nossas mochilas e seguimos viagem. Pegamos um rickshaw até o centro e então pegamos o ônibus até Haridwar. Em Haridwar passamos algumas horas esperando na estação, até que chegou o horário do nosso trem. Partimos assim rumo à Ajmer e Pushkar.
O Ganga (como os indianos chamam o famoso Rio Ganges) cruza a cidade de Rishikesh, com a água de uma cor turquesa incrível. Nesta zona o rio termina sua descida das montanhas do Himalaia e inicia um longo trajeto pelas planícies do norte da India.
Satsang do Prem Baba, no Sachcha Dham Ashram.
Prem Baba
O Ganga e, à direita, a Lakshman Jhula (uma ponte para pedestres e motos).
Lakshman Jhula
O macaco sabe abrir a torneira para tomar água!
Rishikesh
Em Rishikesh as águas do Ganga ainda são limpas. Porém, mais adiante o rio já se torna poluído.
Um sadhu tomando banho no rio. O Ganga é sagrado para os hinduístas, por isso sempre há muitos sadhus e peregrinos se banhando no rio.
Os sadhus dedicam-se à busca espiritual, praticam o desapego material, vivem apenas de esmolas e não cortam os cabelos. Alguns eram pessoas que levavam uma vida “normal”, com trabalho, família, etc., e que em algum momento decidiram deixar tudo, para então seguir sua busca. Outros eram simplesmente mendigos que nunca tiveram outra opção na vida. Muitos seguem uma busca sincera. Outros apenas se aproveitam da fé da pessoas para poder sobreviver.
Sadhu
Mulheres peregrinas preparando para se banhar no Ganga.
Passávamos todos os dias por este sadhu, no caminho que fazíamos da pousada até o ashram para assistir os satsangs. Ele sempre nos cumprimentava sorridente. No último dia eu pedi para tirar uma foto dele.
Este sadhu era muito simpático: Estava sempre sorrindo.
Vendedor
Mendigo
Músico cego tocando harmônio na rua.
Sadhus entrando em um ashram.
Sadhu fumando haxixe.
Pôr-do-sol no rio Ganga.
Junto com nossos amigos Ashish e Shankar, donos do Yellow Pepper Restaurant. O Shankar é um ótimo cozinheiro e ensinou a Deise a cozinhar alguns pratos indianos. Em nossa despedida, eles nos deram de presente duas estátuas do Ganesh, deidade hinduísta, conhecido como o “removedor de obstáculos”. Assim, Ganesh nos ajudaria em nossa jornada.
DICAS:
- O trem de Delhi para Haridwar custou 147 rúpias na classe sleeper. Partiu às 22:20, na Old Delhi Train Station, e chegou em Haridwar às 6:20. As passagens de trem podem ser compradas na New Delhi Train Station, no International Tourist Bureau, no primeiro andar do prédio principal.
- O ônibus de Haridwar para Rishikesh custou 23 rúpias. Costuma sair de hora em hora do terminal de ônibus, que está perto da estação de trem de Haridwar.
- O rickshaw coletivo do centro de Rishikesh até o High Bank custou 10 rúpias por pessoa. (Prepare-se para uma árdua negociação).
- O primeiro hotel que ficamos foi o Bhandari Swiss Cottage, que está no High Bank. Lá pagamos 150 rúpias por um quarto de casal, com banheiro dentro. Depois nos mudamos para o River View Guesthouse, onde pagamos 200 rúpias por um quarto de casal, com banheiro dentro. Este está na escadaria que desce da estrada para a Lakshman Jhula. No entanto, há diversas outras alternativas de pousada em Rishikesh, para todos os gostos. A melhor maneira de escolher é sair caminhando, olhando e pesquisando os preços.
- Os satsangas do Prem Baba costumam acontecer diariamente, todos anos, de final de dezembro até início de abril. É gratuito. Para maiores informações consulte o seu site: www.prembaba.org.br - Para ver as fotos e ler sobre a primeira vez que estivemos em Rishikesh, em março de 2010, clique aqui. - Um dólar vale cerca de 43 rúpias.